quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

As pedras do caminho

"No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho", o conhecido trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade tem feito parte da minha vida intensamente nos últimos meses.

Primeiro e mais notório o fato de estar com pedras nos rins, originalmente 3 pedras de 4, 2 e 1,5 cm, o que fez com que frequentasse com assiduidade as sessões de litotripsia e uretolitotripsia, mas essas pedras no caminho me mostraram que esse poema de Drummond é um loop contínuo em que a cada pedaço de caminhada encontramos uma pedra, mas o que fazer com ela?

Existem pedras que atrapalham, incomodam e que não tem porque estar ali, essas pedras tem que ser tiradas do caminho, serem explodidas, como as do meu rim, pois não há valor nenhum nelas a não ser um obstáculo descartável.
Essas pedras podem ser pessoas que remam contra, pode ser o medo de situações novas, pode ser nossa insegurança, um relacionamento pessoal que evita que continue a caminhar, essas pedras precisam ser tiradas do caminho.

No meio do caminho tinha uma pedra, que eu tirei do meio do caminho...

Existem pedras maiores, que não tiramos assim facilmente do caminho, por vezes precisaríamos dinamitá-las, mas nem sempre um esforço tão grande vale a pena, as vezes é melhor mudar o caminho, pois mudar nem sempre mostra fraqueza ou medo, muitas vezes mostra sabedoria e maturidade.
Essas pedras estão no trabalho com chefes ditatoriais, com políticas ultrapassadas de gestão de pessoas. Está na compra de um bem que nos apresenta uma série de poréns e que você percebe que essa pedra que surgiu pode indicar algo maior do que precisamos ou podemos passar. Muitas vezes desafiar essa pedra pode nos trazer êxito imediato,  mas dificilmente não fica a sensação de que gastamos muita energia pra nada.

No meio do caminho havia uma grande pedra, que me fez mudar de caminho...

E por fim existem as pedras que fazem parte do caminho, como uma trilha, são aprendizados necessários para nosso amadurecimento e aprimoramento, sem elas não crescemos, é a história de juntar as pedras para construir um castelo, mas as vezes nem se trata de juntar e sim passar por elas como Drummond fez, simplesmente tinha uma pedra no meio do caminho, isso não me fez mudar minha atitude, nem meu caminho, mas marcou, digno de registro, e não mais seremos o mesmo ser.
São os erros, as decepções, os dessabores, as angústias e tudo que passamos nessa caminhada, que nos faz pensar, refletir e mudar, melhorar, ou simplesmente aprender, mesmo que para não fazer de novo.

No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho...

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