quarta-feira, 30 de junho de 2010

Filosofia, Sócrates e Jesus

Vou postar alguns comentários sobre filósofos, sobre filosofia, existência. Minha idéia é um por mês e bem superficial para todos entenderem e quem quiser comentar, criticar etc, fique a vontade. Vou fazer uma correlação entre Sócrates e Jesus Cristo, muito semelhantes no ponto de vista ideológico, no meu entender.

Para começar, a filosofia, registrada, aparece na antiga Grécia e com um personagem marcante, Sócrates é um separador desse assunto, pré e pós socráticos. Sócrates nasceu em Atenas em 470 AC e os registros de suas ações foram feitos por seus dicípulos Platão e Xenofontes. E a principal obra que faz referência a ele foi A Apologia de Sócrates. Essa é uma semelhança, seus atos são registrados pelos dicípulos e o mais incrédulos indicam que Sócrates não existiu, foi uma invenção de Platão para dar força a suas idéias. Xenofontes, nessa versão, também teria sido inventado.

Abaixo uma breve análise da Apologia:

A Apologia de Sócrates narrada por Platão é a demonstração do ideal como razão de vida e em conseqüência, a falta deste, como perda do sentido de existir. Preferindo a morte a abrir mão de seus ideais.
Na sua defesa, Sócrates descreve como foi a busca de alguém mais sábio que ele, pois o Oráculo de Delfos afirmava ser Sócrates o mais sábio, entre outras coisas pelos conhecidos "só sei que nada sei" e "conhece-te a ti mesmo". Para isso buscou personalidades conhecidas por ser detentores da sabedoria.
O primeiro foi um político e examinando esse tal descreve: "não importa o nome, mas era, um dos políticos, este de quem experimentava essa impressão. e falando com ele, afigurou-se-me que esse homem parecia sábio a muitos outros e principalmente a si mesmo, mas não era sábio. Procurou então demonstrar-lhe que ele parecia sábio sem o ser. Daí veio a Sócrates o ódio a ele e de muitos presentes.
Posteriormente buscou poetas trágicos, tomando, pois, os seus poemas, dentre os que pareciam os mais bem feitos, lhes perguntavam o que queriam dizer, para aprender também alguma coisa com eles. Mas se envergonhava em afirmar que todos os cidadãos atenienses presentes no julgamento seriam capazes de discorrer sobre os versos quase melhor do que aqueles que o haviam feito e cita “embora digam muitas e belas coisas, não sabem nada daquilo que dizem”. É como viver a situações que tiram a “cortina” que estava entre a realidade e nossos olhos.
E, por fim, aos artífices, porque ele estava persuadido de que por assim dizer nada sabiam, e, ao contrário, tenho que dizer que os achei instruídos em muitas e belas coisas. Em verdade, nisso me enganei: eles, de fato, sabiam aquilo que eu não sabia e eram muito mais sábios do que ele. Mas pelo fato de exercitar bem a própria arte, cada um pretendia ser sapientíssimo, também nas outras coisas de maior importância, e esse erro obscurecia o seu saber.
Ora, dessa investigação, vieram muitas inimizades e tão odiosas e graves que delas se derivaram outras tantas calúnias e foi atribuída a qualidade de sábio a Sócrates, pois que, a cada instante, os presentes acreditam que eu seja sábio naquilo que refuto os outros. Do contrário, Deus é que poderia ser sábio de verdade, ao dizer, no oráculo, que a sabedoria humana é de pouco ou nenhum preço, parece não querer dizer isso de Sócrates, mas que se tenha servido do meu nome, tomando, por exemplo, como se dissesse: Aqueles dentre vós, ó homens, são sapientíssimos os que, como Sócrates, tenham reconhecido que em realidade não tem nenhum mérito quanto à sabedoria, tendo plena noção de sua “douta-ignorância” (“Sei que nada sei”)."
Durante seu julgamento, ao interrogar Meleto, poeta, que como Anito, artíficie e Licon, orador, eram os responsáveis pela acusação, Sócrates descreve este homem como parecendo ser a própria arrogância e imprudência, tendo escrito a acusação por medo, intemperança e leviandade juvenil, vícios dos quais busca se afastar, sendo descrito por Sócrates, que este homem possuía praticamente o oposto das virtudes.
E Sócrates prossegue abordando o tema virtude lembrando que quando fizer o que quer que seja, deve considerar se faz coisa justa ou injusta, se está agindo como homem virtuoso ou desonesto.
"Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo e com as riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja quanto possível melhor, e vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados."
Sócrates, mesmo frente a ameaça de morte, mostrou-se convicto de suas ações descrevendo que “nem mesmo agora, na hora do perigo, eu faria nada de inconveniente, nem mesmo agora me arrependo de me ter defendido como o fiz, antes prefiro mesmo morrer, tendo-me defendido desse modo, a viver daquele outro”. E alerta sobre a decisão do tribunal: “Se acreditais, matando os homens, entreter alguns dos vossos críticos, não pensais justo; esse modo de vos livrardes não é decerto eficaz nem belo, mas belíssimo e facílimo é não contrariar os outros, mas aplicar-se a se tornar, quanto se puder, melhor. Faço, pois, este vaticínio a vós que me condenastes. Chego ao fim”.
E após anunciada a sentença Sócrates delibera sobre a morte como um bem, citando algumas razões: “Qual suponho que seja a causa? Eu vo-la direi: em verdade este meu caso arrisca ser um bem, e estamos longe de julgar retamente, quando pensamos que a morte é um mal.”, “Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um sono, a morte seria um maravilhoso presente.” e outro trecho do discurso onde diz “Porque, se chegarmos ao Hades, libertando-nos destes que se vangloriam serem juízes, havemos de encontrar os verdadeiros juízes, os quais nos diria que fazem justiça acolá: Monos e Radamante, Éaco e Triptolemo, e tantos outros deuses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa viagem uma viagem de se fazer pouco caso? Que preço não serieis capazes de pagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero?”.
E termina se preocupando com os filhos, pedindo que quando “ficarem adultos, puni-os, cidadãos, atormentai-os do mesmo modo que eu os vos atormentei, quando vos parecer que eles cuidam mais das riquezas ou de outras coisas do que da virtude” e deixa uma mensagem aos juízes: “deveis ter boa esperança em relação à morte, e considerar esta única verdade: que não é possível haver algum mal para um homem de bem, nem durante sua vida, nem depois da morte”.

E o que isso tem a ver com Cristo???

Bom a morte de ambos é através de um julgamento injusto e suas idéias se mantém vivas e atuais até hoje. E Sócrates defende em sua Apologia o conhecimento de si mesmo e a preocupação em ser um homem virtuoso. Na ceia descrita na Bíblia Sagrada, em Coríntios, Jesus fala "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice." Co 11:28 e "Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados." Co 11:31.

O campo diferente é o da ideologia para a fé, mas o fim é o mesmo ideal, a promessa de salvação é o "prêmio" para quem confia e crê em Cristo, enquanto a última citação que coloquei sobre sócrates diz: "não é possível haver algum mal para um homem de bem". Sendo que esse homem de bem socrático é humilde (sei que nada sei), preocupado em ser virtuoso e que se examina a partir de boas referências, desapego aos bens materiais etc. Se ao invés de fazer pela fé, quiser fazer pelas idéias, desde que a referência seja boa, o mundo agradecerá.

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